segunda-feira, 21 de maio de 2007

"Heaven."


imagem retirada da internet

… O quarto estava na penumbra, como ela gostava... No criado-mudo, uma garrafa de Veuve Cliquot, cachos de uvas – roxas e verdes, morangos, ameixas frescas, kiwis, pêssegos e duas taças de cristal de Murano, descansavam numa bandeja de prata...
Nu, ele a esperava, ansioso, deitado na cama, o olhar [castanho] de lince, não perdia um detalhe da cena, captava tudo...
Olhava-a: pele branca, macia, uma textura delicada, longilínea, pernas compridas, nada fazia lembrar que o ventre já havia guardado outras vidas... Seu olhar de encantamento e gula passeava embevecido no corpo da mulher que amava... Enxergava minúcias, partículas que só podem ser vistas a olhos amorosos...
Sempre que ela num meneio de corpo virava-lhe as costas, ele entreabria a boca e soltava um gemido de desejo, as nádegas dela, redondas, lisas, eram-lhe irresistíveis... As costas e os ombros foram feitos para receber suas carícias e seus lábios calientes... Mas se detinha particularmente no colo, que ele achava perfeito, e nos seios, ah! Os seios... Os seios dela, um dos seus recantos preferidos, no vão deles ele respirava, bebia, deixava registrada a sua plena satisfação... Adorava(m) ver aquele líquido viscoso, quente, escorrer por entre os seios dela... Nos seios dela, suas mãos esculpiam o prazer que ambos sentiam, que ambos proporcionavam-se; sempre enchia suas mãos com os seios dela... Ela por sua vez, não perdia uma gotícula do gozo dele, quando teimava em escorrer-lhe pelo canto da boca, com a língua sorvia e capturava tudo... Ele era a sua maior gula...
Lá vinha a mulher que ele amava, quanto mais a olhava mais seu coração transbordava de amor, de ternura, de desejo, de paixão, de tesão. Um era a razão do outro... E a desrazão também... Ele perdia-se entre as pequeninas pintas do seu corpo, achava-as apropriadas para os seus beijos...
Seu andar indolente acrescentava-lhe um tremendo charme, andava como uma gazela; vestia uma minúscula calcinha de renda francesa, branca; um soutien meia taça, completava o restante da indumentária que ele logo tiraria com sofreguidão e pressa...
Um melindroso colar de pérolas adornava-lhe o pescoço comprido; fazendo um belo conjunto com os brincos que estavam em suas orelhas...
Ela adorava sandálias altas, de tirinhas. Dizia-lhe que era a mais feminina das peças: uma sandália de salto fino, alto, e de tirinhas...
Ao som de Heaven [Rolling Stones] ela ria, dançava, jogava-lhe beijos, seduzia...
Seu corpo era regido pelo desejo e pelas notas da música, movimentos sinuosos, insinuantes, braços levantados no ar, desenhavam mandalas imaginárias, a cada passo, era como se ele fosse uma presa e ela espreitava o momento oportuno para fisgá-lo... Engoli-lo... Parecia uma serpente saindo do cesto de palha, cuja mobilidade dependia do êxtase dele... Aproximava-se sorrateira, em passos leves como uma bailarina e ofertava-lhe para o beijo, a barriga, o ventre, o sexo... Ele, enlouquecido, lambia-lhe inteira... Deixava-o vidrado e preso na cena em que ela era a protagonista, ele, a única pessoa para a qual ela queria e se exibia...
Estavam apaixonados, amavam-se com uma intensidade jamais imaginada por eles...
Ela dirigia-se à cama, e o provocava, soltava a alça do soutien, dava-lhe as costas, e ele a puxava pra si... Beijavam-se, abraçavam-se, tocavam-se, e ela desvencilhava-se dele... Pura provocação... Adorava provocar-lhe... Ele amava ser por ela provocado... Ela em solfejo dizia cada letra do nome dele... Com a voz rouca, sensual e cheia de lascívia...
Ele enchia as taças com champanha, mas apenas o primeiro gole era sorvido nelas... Sempre derramavam o delicioso líquido, no corpo um do outro... E bebiam-se, sorviam-se, amavam-se... Era no cálice sagrado do corpo de cada um que eles tomavam o champanha, o cheiro do desejo de ambos misturava-se com o cheiro da bebida e os sentidos deles embriagavam-se com o amor em estado puro, era explosão e gozo...
Amavam-se primitivamente, naquele momento apenas eles dois e o amor de ambos existiam, não havia mundo, não havia obstáculos, não havia impedimentos, nada havia, apenas o que sentiam...
A fluidez líquida tomava lugar: o champanha, os suores e o gozo... Ambos sentiam-se diluídos no corpo um do outro... Ela: oceano. Ele: barco navegando ansioso dentro desse oceano, singrando os mares dela... Um mundo escorrendo por entre as pernas da mulher dele, ela era a mulher dele: se fez dele, para ele; ele a fez dele... E se fez dela. Ela o fez dela: era seu homem, seu amor, seu amado, sua vida, seu anjo, seu menino... Por ela, todas as armaduras dele caíam por terra... Era também seu anjo, sua mulher, sua menina linda, sua vida, todas as nuvens azuis do céu...
Estavam entranhados pra sempre um no outro... Ela era a alma dele; ele era a alma dela...
Aquele cenário tão íntimo era o único a testemunhar tão imensurável amor, dormir e acordar um dentro do outro, essa fora a fórmula escolhida por ambos para findar e iniciar os dias...
Repousar no peito dele, cujas cãs eram-lhe excessivamente atraentes, era seu favorito programa; sentia prazer em tudo... Dormir com ele grudado às suas costas e suas pernas cabeludas sobre as dela; ser enlaçada por suas mãos, grandes e carinhosas... Ter a alva pele marcada pela barba dele, quando estava por fazer; ou simplesmente pelos toques e beijos...
Deitar a cabeça em seu ventre. Ah! Como isso lhe dava paz, era a sua redoma contra os males e as dores do mundo... Nunca nenhum outro colo fora jamais aconchegante, e amoroso como o dela... Ali era seu conforto e ungüento das dores diárias...
Despertar no mundo deles, era como continuar a sonhar, pois ambos em seu infinito desejo de permanência, souberam criar e manter o que para sempre os uniu: aquele ‘inauferível’ amor...

Heaven - Rolling Stones

“Smell of you baby, my senses, my senses be praised… Smell of you baby, my senses, my senses be praised… Kissing and running, kissing and running away…"

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