terça-feira, 22 de maio de 2007

Flor pisoteada, logo ali, a um palmo da mão....


Entre incertezas e silêncios
Cala-me
Cala-te
Renega-me...

E como galhos secos
Postos ao fogo
Crepita em labaredas
A ausência...

É lenha em brasa
É carne em sangue
É saudade que arde
É folha que voa...

Das cinzas fazem-se histórias
Rabiscadas na pele
O coração que se entregara afoito
Agora clama misericórdia e morte...

À toa na escuridão
Permanece um sonho
Pé ante pé
Rodeando a noite e a solidão...

Quantas vezes mais
A morte perseguirá
Flor quando quiser ser flor
Chão quando quiser ser chão
Não quando quiser ser não
Caminho quando quiser caminhar
Sonho quando quiser sonhar
Flor pisoteada, ali, a um palmo da mão....

Escuto Cartola desde cedo... E Labaredas [Cartola e Herminio Bello de Carvalho] repetidamente....
“Vou me desacovardar dizendo não... A um coração que fez só desagasalhar... Quem o abrigou... Profanou, sem se importar... E destruiu, sem mais pensar... O essencial de mim... Me atiçando um fogo em mim... Mas pode um incêndio alastrar-se ao coração...Que as labaredas nem vão sequer provocar um só perdão... Quantas pedras não terá para atirar de novo em mim?... Me subestimar, prá quê? Não vou! ... E quando o remorso invadir seu sono, então... Meu coração não vai nem sequer se vergar à sua dor... Debelar o incêndio vai ser impossível só porque... Quem brincou com o fogo foi Você.”
Sei o que sinto, por quem sinto e porquê sinto... Uma saudade que corrói... Algo tão fora de compasso...

16 comentários:

  1. Você escreve na carne, na alma, com sangue. A emoção em formato Boca. Beijos.

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  2. Amor, afinidade, e no meio de tudo a saudade. É isso? Beijos.

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  3. Pé-ante-pé, com estardalhaço, de todas as formas, é uma gande satisfação lê-la, Boca...!

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  4. Ei, flor? Que tristeza é essa? Alegria, alegria que o céu clama por isso. Olha lá o azul bonito que faz? E o sol tá aí pra iluminar seu sorriso, amiga querida. Beijinhos pra você.

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  5. Queria saber dizer sobre desalento. Vc sabe.

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  6. Val, Val, ainda que seja um poema em carne, não deixa de ser belo. Saudades, bjs.

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  7. " É lenha em brasa É carne em sangue É saudade que arde É folha que voa..." Eu mais que ninguém sei como isso dói. Como dói, Val. Saudades. Saudades. É só o que eu sinto. Mil beijos

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  8. Infinita a sua capacidade de imperssionar-me!

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  9. Lugar cheio de belezas, Val. Gostei muito do seu "espaço". Beijos.

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  10. Não separo a mulher da poetisa, em ambos os casos, a escrita que vem de ti é sempre na primeira pessoa. Privilégio de quem a tem? Privilégio de quem a conhece? Privilégio de quem convive anos a fio com você? Privilégio de quem compartilha sua vida? Seus momentos? Ah que importam os questioamentos? O que importa é que eu adoro você Valzinha, e tenho todos os sentimentos mais belos do mundo por ti, inclua-se uma grande saudade. Beijos, beijos, beijos, beijos e muitos beijos. Sempre.

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  11. O que vai escrito aqui deverá soar como a apreciação totalmente descolada de qq teoria esthética, de produção e recepção. Entenda-se mais pela fruição, pelo gosto da minha boca, pq meus olhos e ouvidos podem estar já contaminados por ditas e desditas historicamente justificadas. Isto mesmo, a "fagia" é minha guia neste comment, e como tal, tenho a dizer que gosto menos do seu poema quando biografema, mesmo que sua proposta já tenha sido anunciada, mesmo que os blogs tenham precipitado insípidos, e aí não sei de quem é a culpa... culpa?... Sorry! Palavra proibida em tempos de desconstrução... desconstrução do quê mesmo???... Já perdi o fio da meada, e acabei creditando no seu blog a minha insipidez ... ... ... (pesquisando a próxima palavra)... ... ... Desculpe amiga, por hoje é só!

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  12. Passo por aqui e sinto os seus estímulos, entre gostos e cheiros. Estás grávida, como bem disses, ilustrada por esses silêncios gritantes, cinzas como uma fênix pronta para renascer. Sei que se reinventas e esse texto é um passo. Beijos e uma criativa semana!

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  13. Calo-me, um texto repleto de saudade com uma pitada de tristeza. Porém belo. Desejo um sol pra você, querida. Carinhosos beijos.

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  14. Observação:
    todos os comentários foram trazidos do antigo blog.

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