segunda-feira, 21 de maio de 2007

Em tempo de "bem-me-quer"...


O tempo escasso fugidio volátil
Corre por entre os dedos e os traços
Uma inesperada sensação
Alterando rasgando transformando
Trazendo euforia e modorra
Incertezas confusão...

O tempo em compasso de espera
Atiça enfeitiça invade
Com esmero quimera
Alternando humores odores respiração
Um frêmito tremor transpiração
Vozes desejos sedução...

O tempo que dispara inclemente
A finitude das gentes num precipício letal
Morre renasce se esvai volta e sai
Como se fora senhor do peito em desalinho
Oferendas beijos flores provocações desatino
Um misto de homem menino
Enreda prende solta amarra
Volta em genuína entrega
Um momento fugaz
Sem temor da vida jamais...
Leve livre solto como o vento
Uma tentativa vã de varar o pensamento
Não se sabe o que fazer mais
Noite dia são redondos círculos que se completam
Até quando estará esta porta aberta
Para o livre regressar?
Em cores ornadas brilhos luzes a enfeitar
Não há absolvição do céu para aquele que renega
De a vida saborear
Porém não se pode
Com a verdade faltar
Encobre descobre recobre nada mudará
Olhar através das coisas
É de se esperar
Quem impedir vai
De um vermelho coração sonhar?
O tempo pode passar
Trazer levar toda a rota mudar
Mas a nitidez da retina
Amarela em girassol
Amêndoa cajá
Nunca se apagará
Pois carrega nesse olhar toda a beleza e dor
Do constante malmequer e do sempre bem querer
A prática que a vida lhe [nos] deu
Foi a dos sentidos
Teu
Meu
E esse eterno entregar...


Ainda [e sempre] impregnada pelo show, ou dueto da Ná Ozzetti e do André Mehmari, que faz do piano o que quer... E a Ná com aquela voz? Voz? Pensei que fossem notas musicais. E são. Vozes são notas sonoras.

Escuto todo o cede “Estopim”, e por alguma força do além, do aquém, não sei de quem, a música que toca é justo a que dá título ao cede: "Nada é tão fácil no início... Nem no percurso nem no fim... Nada é tão natural... Nada é tão trivial... Nem uma flor... Nem todo jardim... Amor que é simples se complica... E todo amor vai ficando assim... Um faz algum sinal... O outro já interpreta mal... E o que era banal... Vira um estopim..."
Uma bela parceria do Luis Tati e do Dante Ozzetti, mas tem a voz da Ná... Há a voz da Ná... Ah! A voz da Ná....



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