terça-feira, 22 de maio de 2007

"Caixa de Pandora"


imagem colhida na internet
Na alma a sensação de leveza... Que se alastra por todo o corpo... Sinto-me livre! Leve como uma pluma... Como se eu não tivesse passado, e não sei sobre o futuro. Sou o hoje, como se apenas o agora, me outorga a vida, o direito de viver... Tenho o mundo em minhas mãos, como se ao imaginar algo, ele se materializará tão logo eu o queira. Um poder que não é humano. Algo que transcende a matéria, algo que não me pertence[pertencia], mas agora é meu. Um infinito e possibilidades. Como se não existissem tramas obscuras, como se não houvesse o mal... Um momento [e]terno em palavras, doçuras, canduras, sorrisos, descobertas e maravilhamentos...
Um movimento circular, que não tem começo e nem fim... Apenas se/me move e me [e]leva em direção ao mar, ao céu azul, ao cosmos... Sem amanhãs, sem talvez... Como se fosse um reflexo do divino... Como se o espelho dessa noite eterna, fosse para sempre o que sinto agora... Algo, algo que se desloca sem pisar o chão, em várias direções, sem um exercício brusco, um ser multiforme, multicolor, carregando na mesma face o sonho e a sombra; o dia e a noite; o sol e a lua; o doce e o amargo; a prisão e a liberdade; a ficção e a realidade; fogo e água; o salto e a queda; o medo e a segurança; o perdão anulando toda sentença passada...
Todas as dores, expostas nas crateras da alma e do corpo, todos os punhais que um dia sangraram-me o peito, tudo que era atroz, feroz, raivoso transformou-se em glória e gozo. Como se um alquímico de mim se apoderasse à revelia da minha vontade... E a guerreira que outrora comandou batalhas, que conquistou fama e medalhas... Que se ergueu contra o mundo e erigiu muralhas, deixasse atrás de si o peso do mundo, de um mundo que a aprisionou na masmorra de uma angústia que agora não existe mais... Como o alívio que acompanha um novo amanhecer... Uma esperança temporã, uma aceitação alegre do que o destino sempre ofertou... Como o encerramento de um tempo que não há de existir mais... A carne esquecendo seus pesares e extasiando-se diante de um mundo novo, um ‘admirável mundo novo’ que se preparava para mim... Mas não na esfera do terreno, do humano... Mas tudo traçado como um filigrana, lá no plano do divino... Como se os dias de cores rosa-pálidos fossem serenamente substituídos por vermelho-escarlate e azuis - Monet...
Tudo ficou pra trás... Tudo me disse adeus... Absolve-me das trevas de um tempo morto, dessas tais dores, um verde-vida, com a variedade de suas cores e enfeita o meu jardim, fazendo brotar as mais belas flores...
Sinto-me a própria Pandora, mas sem o ódio, sem os rancores, sem tarefas impossíveis a serem cobradas, mas focada na esperança e na ressurreição. Sinto-me renascida, talvez seja o que sintetize meus sentimentos de agora...
Interessante os meandros da vida, enquanto tento traduzir meus sentimentos em palavras, escuto Pandora – Cocteau Twins, e a suavidade da voz da vocalista Liz Frasier, parece cantar, parece dizer, dizer por mim, nesses “arranjos etéreos e celestiais”, o que eu estou sentindo e não consigo expressar...

“(I'm in love with hers)… Our room, a hot and big and kick and lie a boogie adaga dab yo… (I'm in the lights with him)… I feel I'm cheating night and shudder…

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