quarta-feira, 9 de maio de 2007

Augusta é a vida...!


(....)
Sou...Sou a que se alimenta da desmedida do desejo, sou a que alimenta o teu desejo, sou àquela que te acena para outro algo, para algo novo, verdadeiramente novo, sou a que te convida para romper com o passado e esperar o que há de vir. Tanto eu, quanto tu, não desejamos garantias para o amanhã....Assim como eu, tu também não estás a esperar a segurança do amanhã, porque tudo o que desejarmos e quisermos, virá no bojo dos nossos sonhos, dos nossos planos se houver algum...Alguns....Eu e tu somos dois universos que se colocaram a serviço da vida, e a força criadora que arrebata e entusiasma-nos, é a força da paixão, uma força desmedida e é a sua própria medida...Heloísa confessou a Pedro Abelardo, que em todos os momentos de sua vida, ela temia muito mais ofendê-lo, do que ofender a Deus...Que invocava Deus como testemunha, se até mesmo o Imperador Augusto, senhor de todo o universo, se dignasse a dar-lhe a honra de torná-la sua esposa, sua imperatriz, mais dignificante e importante seria, ser de Pedro Abelardo, meretriz...Augustamente somos, augustamente estamos, escolhemos isso...Quais palavras ainda não passaram por nossos lábios? Que palavras ainda não se fizeram aurora em nós dois? Quem sabe a palavra inaudita seja teu nome doravante, sempre bailando melifluamente, como um alfenim, em meus lábios carnudos, carmesins e generosos: (...?!)Te proponho que nademos a partir de então as águas dos sonhos, e façamos dessa façanha o desejo táctil, redivivo? Proponho-te que levantemos dessa caverna escura, quando fomos à aurora da nossa vida, entre a tribo, animais feridos, restos dos estilhaços que sobreviveram ao ferimento da flecha. Que nós guardemos nessa noite, todos os outros amanhãs que hão de vir, que deixemos abrir essa greta e como brasa incandescente, espalhar-se em nós... Como uma aurora que surgiu da própria aurora e nunca tivéssemos vivido, visto... Como se estivéssemos cegos e mortos... O que te/me/ proponho é que nos outorguemos o direito divino e nos re-façamos ocre, vermelho, carvalho, cobre, alabastro, lápis-lazúli, cinábrio... Como inscrições rupestres a contar o início da humanidade...A nossa humanidade....O nosso início, nós dois, nosso mundo como um Cosmos recém-inaugurado, e começarmos a partir de então a plantar as flores, a procriar estrelas, pássaros e idéias tolas, tontas, belas, bobas, nossas....Antes de te aprisionar dentro de ti mesmo, te liberto nos desejos, nos sentimentos, a prisão que docemente te oferto é a de sermos nós, apenas nós, e nossa querência...Te oferto o mundo como destino, te oferto o sonho como matéria criativa...Te oferto um sorriso puro...Um amanhã mais azul-desmaiado, que te mostre a vida como o mais precioso bem, jamais ousado e imaginado por nós, quando impregnados estivemos, por nossa ignorância e soberba, pensávamos que viver era apenas o sacrifício e as preces....Estou aqui, intensa e inteira para ti. Em obediência à nossa ordem, não sem antes ter me debatido, transgressora que sou, a tal invasão que inesperadamente agora é permanente e dela sou prisioneira. Os deuses sabem mais que nós... Se há uma plano, uma conspiração, ele foi feito noutra dimensão e agora está aqui, diante de nós como um rosa pronta pra ser colhida, posto que, ainda que para dar vida à outra, uma rosa colhida é uma rosa que falece....Falece pra dar beleza, falece por uma grande causa...Gostaria de provar desse mel que escorre dos teus lábios em pequenas gotas, e se transformam numa intensa provocação...Saciar meus sequiosos lábios nessa seiva elaborada que advém do teu ser...Gostaria de poder ver cada nova (re)invenção tua(s), três, trezentas, três mil faces de tu mesmo...Todas diferentes e todas sendo o mesmo....A mesma...Tenha-me em teus sonhos, já fazes parte dos meus....Queira-me em teus braços, gostaria de estar agora, também nos teus...

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